quarta-feira, 13 de maio de 2015

Não te peço , declaro-te


Já tive aos montes pessoas que não compensam aquecer a cadeira ao lado do cinema, o banco ao lado do carro ,a almofada extra da cama, a cadeira mais fofa de um café , a manta mais luxuosa do meu armário. E nem por um minuto senti o meu peito aquecido. Nós até enganamos os outros de que eramos felizes, mas por dentro a solidão só aumenta. Estar com alguém errado é lembrar em dobro a falta que faz alguém certo. Nós alongamos a história, nem que seja para dizer que choramos, porque terminá-la, colocar um ponto definitivo, é duro demais. E acabamos por virar dor para não virar fim. Tenho medo da força absurda que eu sinto sem ti, de como eu tenho muito menos certeza de mim sem ti, de como eu posso ser até menos feliz sem ti. Para não pensar na falta, encho-me de coisas por aí. Encho de amigos, bares, charmes, possibilidades, livros, músicas, descobertas solitárias e momentos introspectivos andando ao Sol. E todo esse resto de coisas deixa ao pouco de ser resto, e passa a ser minha vida, querendo-te passar a enterrar-te de grão em grão, mas sem conseguir.
  
Talvez o meu problema não seja acreditar em contos de fadas, nem em príncipe encantado e nem muito menos acreditar no amor. Acho que o problema é que sempre espero demais, e o pior…sempre se espera demais de quem não se deve esperar nada. Já diziam os grandes poetas: o amor vem para os distraídos e eu complemento: quem muita espera acaba por ficar sem nada, e não sei se vai acabar por ser o meu caso. Mas vivo na angústia e na esperança, a louca fé de que os dias passem rápido… mas na verdade? Será que algum dia vai haver o dia ? O dia em que tu te cansas de viver só para ti e para os outros, e te lembras de que afinal há mais do que o que pensas, há mais quem te rodeia sem saberes, o dia em que te lembras que afinal existes e que sentes que não és merda nenhuma e dizes 
"chega, é hoje."

Eu já mandei minha felicidade embora muitas vezes simplesmente por não ter a menor ideia do que fazer com ela, deixei que ela passasse porque estava mais acostumada a lidar com o meu caos pessoal. E desta vez não quero que isso aconteça. Desta vez olhei pro meu pessimismo e decidi encará-lo. Ele só me disse que ia doer depois, que quanto maior a altura, maior a queda. Eu disse que queria arriscar. Por favor, deixa-me, pelo menos desta vez, deixa-me saber como é…outra vez!
É uma pena correr com pulinhos enganados de felicidade e levar uma rasteira. É uma pena ter o coração inchado de amar sozinha, olhos inchados de amar sozinha. Um semblante altista de quem constrói sozinho, sonhos. Mas tu não podes…ou não queres! Sei que dá vontade, mas não posso ligar para ti como desgraçada que sou e dizer: “ Ei, estou a sofrer aqui, vamos parar com essa estupidez de não me amares e vires logo resolver o meu problema? “

Dá raiva…tudo isto dá raiva ! Raiva de ter tirado o gosto das queijadas de leite que tu tanto gostavas. Raiva de me fazeres comer cinco bolos desses seguidos pra ver se, em algum momento, o gosto volta. Raiva de teres tirado as cores bonitas do mundo. Raiva de transmitires sentimentos errados a quem queria os certos, raiva de deixares de ser a pessoa que eras para o seres com outras pessoas, raiva porque todos os dias coleccionas pedras em vez de diamantes. Mas não dá, nem de brincadeira, para te ligar e dizer: " Ei, a vida é curta para sofrer, volta, volta, volta. "

Porque amor, não se pede, é triste, eu sei bem. É triste ver o Sol, não ser sol. São tristes as manhãs que prometem mais um dia sem ele, são tristes as noites que cumprem a promessa. É triste respirar sem sentir aquele cheiro que invade e tu não olhas de lado, aquele cheiro que acalma a busca. Aquele cheiro que dá vontade de fazer amor para resto da vida. É triste amar tanto e tanto amor não ter proveito. Tanto amor a querer fazer alguém feliz. Tanto amor a querer escrever uma história, mas só escreve este texto amargurado. É triste saber que falta alguma coisa e saber que não dá pra comprar, substituir, esquecer, implorar. É triste lembrar como eu ria e sorria contigo, e em segundos me fazias doer a barriga. E entre tudo que poderias ser pra mim, escolhes-te ser saudade.

Mas amor, tu sabes, amor não se pede. Amor declara-se.


sexta-feira, 8 de maio de 2015

Bem me quer , mal me quer

Eles amam-se toda a gente sabe mas ninguém acredita. Não conseguem ficar juntos. Simples. Complexo. Quase impossível. Ele continua a viver a sua vida idealizada e ela continua idealizando a sua vida. Alguns dizem que jamais daria certo. Outros dizem que foram feitos um para o outro. Eles preferem não dizer nada. Preferem meias palavras e milhares de coisas não ditas. Ela quer atitudes, ele quer ela. Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Enquanto o mundo vive lá fora, dentro de cada um tem um pedaço do outro. E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz. Nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. É fácil porque os dias passam rápidos demais, é difícil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles.  
E todos os dias eles se perguntam o que fazer. E imaginam os abraços, as noites com dores nas costas esquecidas pelo primeiro sorriso do outro. E que no momento certo se reencontrem e que nada, nada seja por acaso . Sobre eles, nunca ninguém vai saber de tudo. Ele acredita que ninguém pode mudar uma pessoa, ele acredita que alguém pode ser a razão pela qual uma pessoa muda.Faltam-lhes as palavras, explicações, pedidos de desculpa. Falta tanta coisa para sentir o que um dia sentiram. Falta coragem de assumir, coragem de esquecer, coragem de fazer diferente mesmo quando o que se sente continua igual.
Ela pode estar a ver as fotos dele neste exato momento. Por que não? Passou-se muito tempo, detalhes perderam-se. E daí? Pode ser que ele faça as mesmas coisas que ela faz às escondidas, sem deixar rastro nem pistas. Talvez, ele passe a mão na barba mal feita e sinta saudade do quanto ela gostava disso. Ou percorra trajetos que eram dela, na tentativa de não deixar que se disperse das lembranças. As boas. Por escolha ou fatalidade, pouco importa, ele pode pensar nela. Todos os dias. E, ainda assim, preferir o silêncio. Ele pode reler bilhetes dela. Ela pode procurar o cheiro dele em outros cheiros. Ele pode ouvir as músicas, procurar a voz em outras vozes. 
Quem nos faz falta, acerta o coração como um vento súbito que entra pela janela aberta. Não há escape. Talvez, ele perceba que ela faz falta e diferença, de alguma forma, numa noite fria. Ela não sabe, ele não sabe, mas ambos queriam. Ele é o rapaz com quem ela quer passar aquele tão sonhado verão em Paris. Ela é a tal que ele deseja mas não diz a ninguém. Ela confessa que tem medo de o encontrar por aí e que veja que o tempo que passou foi em vão. Para ele tudo o que aconteceu não modifica nada, a não ser as pontadas frias que o coração por vezes lhe lembra de dar. Ela só quer que ele lhe olhe nos olhos e que veja que sempre esteve à sua espera, mesmo quando por momentos ele se esqueceu dela. 
Ele tem medo de dizer tudo o que está engasgado, porque sabe que ela ficaria indefesa às suas palavras. Ela tem vontade de o acompanhar, e ele de a ter. Ela não o quer deixar, ele quer que cuide dele. Ela passa quieta por ele, e ele quieto por ela e ambos sabem que é ridículo. Ele sabe que se a noite falasse ela lhe iria contar quantas vezes o chamou, as estrelas lhe iriam contar quantas vezes pensaram nele, a almofada lhe iria contar quantas lágrimas foram derramadas. Ela sabe que os amigos lhe iriam dizer o quanto ele sofria quando alguém sem querer tocava no nome dela, quantas vezes ele fugia do assunto com aquele nó na garganta querendo, porém, não poder chorar. Agora eles sabem que por mais que o tempo se vá, as lembranças do passado sempre ficam e lá fica ela à espera, só para ter saudade.




Talvez, ele volte. 

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Foste tu, és tu, serás tu


Não foi desejo. Nem vontade, nem curiosidade, nem nada disso. Foi sentimento. Não foi planeado, nem premeditado. Foi só um querer estar perto e cuidar, carregar todas as dores e lágrimas como se fossem minhas. A vontade e o desejo vieram depois, bem depois. Não foi um lance de corpo, foi um lance de alma. Uma saudade e uma urgência daquilo que nunca se teve mas era como se já tivesse tido antes. Foi amor. É amor…
 Sei que o amor verdadeiro dá muito trabalho. É como um full time  sem folgas aos fins-de-semana e sem ordenado no final do mês. É estar lá um para o outro, tanto nos dias em que amamos, como nos dias em que estamos fartos. Não é feito de palavras nem de grandes gestos românticos, mas de provas… e eu provei.
 É difícil encontrar uma pessoa que tome conta dos teus problemas como se fossem dela. É raro encontrar um ombro para chorar, chorar e chorar, sem te preocupares com a proporção que isso irá tomar. É preciso escolher a dedo quem carregar até o fim dos dias. Poucos, acredita, bem poucos mesmo, irão oferecer-se para te levar para sempre. 
Alguns até te levam por uns dias, outros por alguns meses, mas levar-te guardado no peito até que não exista mais ar nos pulmões, apenas um ou dois o farão. Isso quer dizer que de entre mil pessoas que trocam algumas palavras contigo, um ou dois merecem a tua total dedicação e empenho. Somando todas as vezes em que o chão se abriu sob os teus pés, a quantos recorreste? E quantos, por fim, te deram a mão? É isso. Esse é o ponto que quero chegar. Não é toda a gente que te seguraria nos braços se o céu desabasse. Assim como não é por toda a gente que tu te arriscarias para salvar. 
Fácil é ter alguém para rir e dar chapadinhas nas costas. Difícil mesmo é encontrar alguém em quem se possa confiar plenamente, de olhos fechados e mãos atadas. Por isso não desperdices o que te querem dar, e não te feches a sete chaves como os cobardes como tu fazem.
Lembra-te , para mim és tu, vais ser sempre tu. Vai ser sempre a tua voz, o teu feitio, os teus defeitos. Vai ser sempre aquela música que faz todo o sentido quando me lembro de ti, vai ser sempre o teu comportamento infantil ou adulto demais. Os teus gostos, as tuas manias, as tuas carências. As tuas birras, o teu feitio teimoso e incontrolável. A tua implicância, a tua arrogância e o teu orgulho. Vai ser sempre essa tua mania de tentar fugir do mundo, o teu ciúme, a tua falta de compreensão. Vão ser sempre os teus erros, os teus acertos. Sempre, sempre. Quando eu acordar e quiser esconder-me de tudo ou quando for dormir e só conseguir pensar em ti. Sempre. Mesmo que dê tudo errado, que as coisas mudem, que o tempo passe. Sempre.
 Eu vou sempre ter aquela necessidade de te ter por perto mais do que a qualquer outra pessoa, vou sempre sentir a tua falta mais do que eu pensei que fosse possível sentir de alguém um dia. Vou querer sempre mais de ti, pedir mais de ti. Vou sempre fazer birra e cara feia, dizer que não te quero mais e vou pedir baixinho os teus braços. Sempre. Mesmo que as coisas saiam o contrário do que esperava-mos. 
Não importa o quanto as coisas estejam difíceis. Vais ser sempre tu que vais deixar tudo melhor, mesmo quando parecer impossível. Vai ser sempre tu e eu, nós. Mesmo depois das discussões, dos medos, da falta. Sempre. No final dá certo, espero eu...
 Porque foste tu, és tu, serás tu. Nós, juntos. E ninguém no mundo pode mudar isso.

Tenho medo sim, que encontres alguém melhor... não sei , com mais maturidade do que eu, com menos orgulho, mais experiência e menos ciúmes. Alguém que não seja um problema para ti. Alguém que facilite as coisas, em vez de dificultar mais ainda, e que saiba as coisas certas para dizer, na hora certa. Alguém que respeite teu tempo e o teu espaço. Mas, a verdade? Encontrar alguém que te ame tanto ou mais do que eu, isso sim vai ser difícil . 

Lembra-te…és tu, e serás sempre tu .


sexta-feira, 24 de abril de 2015

Onde quer que vá, tu estás


Há  pequenas coisas que ficaram por dizer e provavelmente esta é a melhor maneira que tenho de me expressar, embora me faça soltar algumas lágrimas. Sei que não será certamente a melhor altura para te dizer o que quer que seja.  Será sim, tempo de deixar a poeira assentar e de tentar colocar forçosamente os sentimentos de lado. Vou tentando dar passos pequeninos fazendo o que posso. Não têm sido dias fáceis e teimo em lembrar-me de ti para onde quer que olhe, para onde quer que vá.

Lembro-me do tempo em que os ponteiros ainda sorriam e contavam para voltar para os teus braços.

A saudade persiste e aumenta de tal maneira que me forja os planos que tinha para a colmatar. Ficar longe e sem saber nada de ti não será por certo a melhor solução...pelo menos para metade de mim. Quero dar-te espaço para seres feliz e para que não te sintas saturado, palavra que usaste da última vez que ouvi a tua voz, e que me deixou o coração feito um caco , admito. Tentei fazer-te feliz da melhor forma que pude, fiz das tripas coração e estava na disposição de ir até onde fosse preciso por ti e pela pessoa maravilhosa que revelaste ser comigo. Fomos vitimas do inesperado e contigo posso dizer que vivi  momentos fantásticos, desde o passeio pela serra aos curtos encontros de ' hora de almoço ' que me faziam adorar o meu inicio de semana.
A minha consciência descansa tranquila ao saber que tudo o que fui contigo foi sincero e verdadeiro .
Aprendi desde então , a viver e a valorizar o «momento», a dar importância aos sentimentos e às pessoas que nos rodeiam , à doçura de um simples abraço , à ternura de um beijo, ao valor de um olhar e ao sentido de uma lágrima , que muitas vezes pode ser largada com tanta alegria, que transborda dentro de nós ! Aprendi que é importante dizer todos os dias o quanto amamos uma pessoa, que afinal o cantarolar dos pássaros ,o rebentar das ondas, o cair da chuva, o silêncio, são coisas tão belas e maravilhosas que a própria vida nos oferece como recompensa.
 Aprendi que a vida é uma dádiva de Deus , à qual devemos agradecer todas as manhas e noites ao deitar, pois quando se acredita com fé , o destino sabe o que faz  na vida.

Sei que te julgas um turbilhão de tudo e de nada, que achas que foi melhor assim, num acto de cobardia por não te achares capaz de ser feliz, e que vincaste essa certeza de que a tua felicidade apenas depende de ti próprio. Pois bem, não estás errado ! Devemos sentir-nos felizes e em paz individualmente antes de tentarmos preencher o coração de alguém .

E eu fui tão feliz, contigo, aqui , num espaço em que por mais simples que seja guarda memórias, recordações, o cheiro a alegria, desabafos e tristezas. E quem é que na verdade não tem um ? Um lugar onde por mais pequeno que seja, sinta a frescura dos dias ou talvez... seja só a saudade perdura em todos os cantos  ! Guardo-te aqui , como quem guarda um grande e precioso tesouro, para que assim eu possa sempre encontrar-te , em cada parte de mim porque afinal cada canto ,tem um pedaço teu .


segunda-feira, 20 de abril de 2015

O que ficou de ti e o resto que se foi





Sinto que tudo em ti ainda me pertence. Talvez tu um dia namores, te cases, comemores inúmeras datas especiais, aproveites convites de sexta-feira à noite e finalmente tenhas filhos e um animal de estimação. Só quero que saibas que tu podes tentar reencontrar o que ficou de mim em ti, mas nunca me encontrarás. Talvez em algum detalhe tu te lembres de mim , mas não serei eu. Se isso te doí a ti, não sei, mas a mim doí só de pensar que eu posso encontrar alguém melhor do que tu, mas não o mesmo. Doí saber que tu podes até conhecer alguém melhor do que eu, mas ninguém de mim conhecerá o que tu foste comigo !

Ninguém conhecerá o pequeno sinal no rosto do lado oposto ao meu , nem descobrirá que tu sentes cócegas perto do teu pescoço. Ninguém notará que o teu ' amo-te ' em frente das pessoas sai trémulo, que tu ficas olhar para o além quando estás nervoso. Ninguem descobrirá que os teus dentes caninos são mais deslocados que todos os outros. Ninguém notará que o teu jeito de sorrir repuxa os lábios e faz a tua testa enrugar, nem descobrirá o teu tique nervoso quando tentas soltar piscadelas e acabas por te confundir todo, ninguém perceberá o teu jeito de roer as unhas só porque sim . Quero dizer-te que o que ficou de ti é espontâneo , tudo o que ficou comigo ficou porque existiu uma necessidade para ficar, tudo ficou para ser lembrado mesmo quando eu não tenha vontade de lembrar, e nada nem ninguém sentirá o que tu sentiste comigo e me fizeste sentir um dia. O que seria dos momentos se não fossem eternizados, o que seria da tua partida se não deixasse nada nem levasse, pelo menos um pouco, de nós ?

O que ficou de ti ocupa o lugar vazio da mesa, estica-se pelo sofá e ocupa a minha cama todas as noites . E quando eu acordo , o teu ' bom dia ' ecoa pelo quarto, quando me deito o teu cafuné acaricia a minha nuca e os teus beijos chegam a toda a hora. Quando penso em te ligar lembro-me que é melhor evitar levar um não, que é melhor evitar confundir as coisas e insistir no que já passou e no que parece não ter a menor pretensão de acontecer de novo . Quando penso em pretensão acabo por te querer, quando te quero, acabo por me perder, quando me perco , percebo que são só lembranças. E aqui, eu guardo e muito bem guardado, todas as tuas manias e os teus cuidados, os teus sorrisos e as tuas mordidas, os teus olhos e também a tua saída.

Quando chove , lembro-me que tu te molhavas todo com uma preocupação tola de que não querias ver-me com gripe outra vez quando dividíamos o guarda-chuva. Por aqui, ficou o vazio das tuas sapatilhas atirados no canto do quarto , uma mensagem a dizer que era o fim e uma conversa numa sexta-feira à noite a lamentar por não podermos continuar mais, que se fossem à meses atrás tudo seria de outra forma. Ficou o teu olhar de adeus, a minha compreensão ( não tão compreendida ) de aceitar que tu estavas realmente a ir embora. Ficou aquele abraço frio , nó na garganta quase a pedir para tu não ires. Ficaram também as chamadas ignoradas, ficou a minha voz a pedir desculpas por tudo e a minha quase a pedir-te para ficares e a propor-te tentarmos outra vez, mas tive que dizer : tudo bem . Ficou o desejo de te procurar como várias outras vezes procurei, mas dessa vez eu preferi não me repetir. Tu não vieste e eu não fui, e essa vontade de nós nos vermos mas que nós preferimos evitar, ficou também.

Cheguei a pensar em como me iria acostumar com a tua ausência, perguntei-me até quando tu ficarias aqui mesmo não estando mais, e que fazer para me acostumar sem ti . E as músicas que cantávamos juntos, e os sons que escolhíamos juntos. E o que eu digo se a tua mãe me ligar? E como explico para os meus amigos que saio só e que na verdade não te pertenço ? E o que digo quando professores nossos me perguntarem por ti , o que eu invento para te esconder e o que para que ninguém perceba que apesar do que nos separa, tu ainda estás aqui, bem perto ?

E quando tu te preocupavas com o meu silencio , quando tu me questionavas se tinhas feito algo de errado porque tu as vezes falavas coisas estúpidas e nem percebias, E todas as manhas tu estavas ali , mesmo não ocupando a minha cama, ocupavas a minha caixa de mensagens, E todas as tardes tu aparecias e mesmo não me olhando nos olhos, sabias como os meus desejavam ver-te naquele momento . O que ficou de ti dá-me um medo danado só em pensar que eu posso encontrar-te com outra alguém e ter que fingir que está tudo bem , que está tudo certo. Preciso dizer-te que de todas as coisas que tu deixaste, a pior e não menos dolorosa, é aquele resto de sentimento no fundo da gaveta, coberto por saudade abarrotada, é aquela lembrança debaixo de tanto entulho que eu fingia não me importar mais, aquele resto de amor empoeirado que eu nem sabia que existia.

O difícil é quando o amor resolve ficar mesmo quando tudo o resto já foi.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Happy life














"When i was 5 years old,mom told me that hapiness was he hey to life. When i went to school they asked me what i wanted to be when i grew up. i wrote down "happy".They told me i didn't understand the assignment,i told them they didn'tunderstand life" 

sábado, 23 de outubro de 2010

Sorriso


Não custa nada e rende muito,enriquece quem o recebe, sem empobrecer quem o dá,dura somente um instante, mas seus efeitos perduram para sempre. Ninguém é tão rico que dele não precise. Ninguém é tão pobre que não o possa dar a todos. Leva a felicidade a todos e a toda parte. É o símbolo da amizade, da boa vontade. É alento para os desanimados, repouso para os cansados, raio de sol para os tristes, consolo para os desesperados. Não se compra nem se empresta. Nenhuma moeda do mundo pode pagar seu valor.
E não há ninguém que precise tanto de um sorriso como aqueles que não sabem mais sorrir. Aqueles que perderam a esperança. Os que vagueiam sem rumo. Os que não acreditam mais que a felicidade é algo possível.
É tão fácil sorrir! Tudo fica mais agradável se nos nossos lábios há um sorriso. Tudo fica mais fácil se houver nos lábios dos que convivem connosco um sorriso sincero. Alguns de nós pensamos que só devemos sorrir para as pessoas com as quais simpatizamos, são tantas as que cruzam nosso caminho diariamente. Algumas com o cenho carregado por levar no íntimo as amarguras da caminhada áspera. Poderemos colaborar com um sorriso aberto, no mínimo para que essa pessoa se detenha e perceba que alguém lhe sorri, já que o sorriso é um alento.
Sorrir ao atender os pequeninos que acorrem nos semáforos à procura de moedas. É tão triste ter que mendigar e mais triste ainda é receber palavras e gestos agressivos como resposta. Se é verdade que essa situação nos incomoda, não é menos verdade que não gostaríamos de estar no lugar deles. Eles são tão pequeninos! Se têm a malícia dos adultos é porque os adultos os induzem a isso. Mas no íntimo são inocentes treinados para parecer espertos, em meio às situações mais adversas. O sorriso é uma arma poderosa, da qual nos podemos servir em todas as situações
.

Já sabes do que se trata?
de um SORRISO .

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Rédeas.

«Hoje, ao atender ao telefone que insistentemente exigia atenção, o meu mundo desabou...Entre soluços e lamentos, a voz do outro lado da linha me informava que o meu melhor amigo , meu companheiro , meu ombro , havia sofrido um grave acidente , vindo a falecer quase que instantaneamente. Lembro de ter deslidado o telefone, e caminhado a passos lentos para o meu quarto , meu refúgio particular... As imagens da minha juventude vieram quase que instantaneamente à minha mente . A escola, as bebedeiras , as conversas em volta da lareira até altas horas da noite , os amores correspondidos , as colas , a cumplicidade , os sorrisos , ahhh os sorrisos , como eram fáceis de surgir naquela época ! Lembrei me de um novo horizonte a surgir , das lágrimas e despedidas , e principalmente das promessas e novos encontros ... Lembro me perfeitamente de cada feição do meu melhor amigo , que já tive em toda a vida. Em seus olhos a promessa de que eu nunca seria esquecida . E realmente , nunca fui... Perdi a conta das vezes em que ele carinhosamente me ligava quando eu estava no fundo do poço , ou das mensagens , que nunca respondi , as quais constantemente me enviava , enchendo minha caixa postal electrónica de esperanças e promessas de um futuro melhor . Lembro que foi o seu rosto preocupado que vi , quando acordei da minha cirurgia da retirada do apêndice... lembro que foi em seu ombro que chorei a perda do meu amado pai , foi no seu ouvido que derramei as lamentações do noivado desfeito ...Apesar do esforço para vasculhar minha mente, não consegui lembrar me de uma só vez em que tenha pego o telefone para ligar e dizer a ele o quanto era importante para mim contar com a sua amizade , afinal...afinal eu era muito ocupada ! Não me lembro de uma só vez em que me preocupei de procurar um texto edificante e enviar para ele.. ou qualquer outro amigo, com o intuito de tornar o seu dia melhor. Eu nao tinha tempo ! Não me lembro de ter feito qualquer tipo de surpresa , como aparecer de repente com uma garrafa de vinho e um coração aberto, disposto a ouvir . Não me lembro de qualquer dia em que eu estivesse disposta a ouvir os seus problemas . Eu nao tinha tempo ! Acho que nunca sequer imaginei que ele tinha problemas ! Não me dignei a reparar que constantemente o meu amigo passava a conta na bebida , achava divertido o seu jeito de bebado ser . Afinal .. bebado ou não , ele era uma optima companhia para mim !  So agora vejo com clareza o meu egoismo. Talvez ... e esse talvez vai me acompanhar eternamente . Talvez se eu tivesse saido do meu pedestal egocêntrico e prestado um pouco de atenção.. e despendido um pouquinho do meu sagrado tempo , meu grande amigo não teria bebido até nao aguentar mais e ... não teria jogado sua vida fora ao perder o controle de um carro que com certeza , nao tinha a minima condição de dirigir... Talvez ele , que sempre inundou o meu mundo com a sua iluminada presença, estivesse se sentindo sozinho ! Até mesmo as mensagens engraçadas que ele constantemente deixava na minha secretária electrónica , poderiam ser seu jeito de pedir ajuda . Aquelas mesmas mensagens que simplesmente apaguei da secretária electrónica , jamais se apagarão da minha consciencia . Estas indagações que inundam agora o meu ser, nunca mais terão resposta ! A minha falta de tempo me impediu de respondê- las .  Agora, lentamente , escolho uma roupa preta - digna do meu estado de espírito - e pego o telefone . Aviso o meu chefe que não irei trabalhar hoje , e quem sabe , nem amanha , nem depois ... pois irei tirar o dia para Homenagear com meu pranto a uma das pessoas que mais amei nesta vida . Ao desligar o telefone, com surpresa eu vejo , entre lágrimas e remorsos que para isto , para acompanhar durante um dia inteiro o seu corpo , sem vida ... EU TIVE TEMPO ! »
Descobri que se tu não tomas as rédeas da tua vida... o tempo te engole e te escraviza .

Desperta os sentidos .













Desligar o cérebro e gozar a vida exclusivamente pelos sentidos. Não pensar, não lembrar, não racionalizar, não analisar,  sentir, sonhar, rir, numa palavra viver.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Entrega do amor


Um grande amor nunca se faz sem entrega, e se não há entrega, então é porque não há amor. É como quem ama a vida; nunca tem medo de se entregar a ela, mesmo que isso lhe custe a sua própria existência. Quem tem medo da vida e da vontade, acaba por não viver. Eu só sei amar assim, com as mãos estendidas e o coração sem defesas. Chamem-me romântica. Eu acho que sou apenas lúcida. Se não viver assim, com o coração fora do peito, embalada por um sonho que me aquece o corpo e o espírito nas noites de mais um Outono morno e luminoso, sei que a tristeza pode tomar conta da minha vida e a seguir à tristeza ou vem a indiferença ou a loucura, que afinal podem ser e tantas vezes são a mesma coisa.